quarta-feira, 13 de outubro de 2010


O Ornamento na Historia: Da Grécia ao contemporâneo

                 O ornamento sempre teve um papel muito importante na história da arquitetura, por isso falaremos brevemente sobre as várias mudanças ocorridas com ele, vejamos:

Grécia: O ornamento como base do sistema compositivo. Nessa época o ornamento é que fazia a composição das fachadas, utilizando-se principalmente de ornamentos estruturais como as colunas, havia sim outros ornamentos, alguns escultóricos associados a mitologia por exemplo, mas o que predominava mesmo nesse período eram as colunas gregas.



 Igreja de Madeleine em Paris


Roma: O valor da estrutura e o aspecto decorativo. Nesse momento as colunas passam a ser usadas não mais como elementos estruturais, mas sim como elementos de decoração. Na arquitetura romana muitas vezes as colunas decorativas aparece junto a maciços estruturais, demonstrando a perca de sua função estrutural, mas continuando com sua função simbólica. Nessa época surge também monumentos urbanos os quais são atribuídos apenas caráter simbólico, onde as colunas continuam presentes.

Arco do constantino



Românico: O ornamento e o purismo geométrico, a maior expressão do Românico é na religião. Nesse momento da historia, a ênfase maior era dada ao volume, volumes de diferentes alturas, bases com figura geométricas simples, poucas aberturas e utilização da alvenaria em pedra, com sua própria coloração e textura, deixando assim os ornamentos em plano secundário, apenas para suavizarem a volumetria. Aqui o ornamento vai perdendo força e se tornando apenas decoração. Se tirássemos os ornamentos, o estilo românico seria reconhecido do mesmo modo.

Igreja romanica de Nossa senhora Azinheira
Gótico: O ornamento como elemento de comunicação. Nessa época o ornamento aparece em destaque e tem um valor estético muito grande, era uma espécie de ilustração, ele divulgava os princípios religiosos. No gótico os elementos de caráter estruturais são apenas ornamentais, fazendo com que aparentemente pareçam parte da estrutura. Na arquitetura gótica a distribuição dos ornamentos produz uma textura que suaviza o peso das altas construções. Esse estilo ao contrario do românico, se tirarmos os ornamentos ele não seria  reconhecido facilmente. 
 
Catedral de Notre Dame

Renascimento: O ornamento como instrumento para a proporção. No renascimento o ornamento era utilizado para trazer equilíbrio e proporção à edificação. Agora tudo depende da utilização do ornamento em busca da proporção a construção, vários elementos são empregados apenas pra formar uma composição harmônica, proporcional e bela.

Santa Maria della ConsolazioneSanta Maria della Consolazione

Maneirismo: O ornamento como expressão da crise. Esse momento é um momento de crise, rodeado por dúvidas e desordem. O ornamento continua sendo usado como destaque assumindo um caráter escultórico, mas agora fazem uso dele para criticar, questionar, é através dele que se materializam as criticas ao sistema estável passado e as duvidas que o homem vem tendo nesse momento.

Pallazo del Té

Barroco: O ornamento e a expressividade formal. O período Barroco atinge a expressão total do ornamento, sem ele seria impossível se obter toda exuberância que o período demonstra. Ele assume um caráter escultural e monumental, criando quase uma identidade própria, e em alguns casos torna-se elemento estruturador do espaço.

Igreja da ordem terceira de são francisco.

Rococó: Esse período apresenta pouca expressividade arquitetônica no sentido de construção. É um período essencialmente aplicado a decoração de interiores e mobiliário, não querem representar qualquer elemento construtivo, mas sim decorativo, por isso a maioria desses ornamentos eram inspirados em conchas.
Interior Rococó

Neoclassicismo: O ornamento e a busca da verdade. Nesse momento da historia, o neoclassicismo resgata as formas Greco-romanas, a verdade e a racionalidade da construção. As colunas só aparecem quando seu emprego na construção se justifica. Agora cada parte do edifício clássico teria um por que, podendo ser explicado racionalmente, mesmo assim o ornamento representa um importante papel de caráter simbólico.


Atles museum

Ecletismo: O ornamento como expressão da fantasia. Esse período engloba diferentes manifestações, misturando formas de diferentes estilos, passando a ser uma questão de escolha do cliente (burguesia) passando a ser produzido em série, e ser escolhido por catálogos. Nessa mistura o importante é a imitação, mas trazendo sempre algo diferenciado, não com fidelidade a original, mas com fantasia e recriação. Qualquer que seja o estilo escolhido, o ornamento tem uma grande importância simbólica, fazendo a alusão de um período histórico especifico.
Fundaçao Oswaldo cruz

Pré-modernismo - O Art-Nouveau e o Art- Decó: Nessa época, começam a surgir os edifícios em altura, os ornamentos ainda eram empregues à estrutura da edificação, mas havia um sentido de distinção funcional: no pavimento térreo eles eram mais expressivos, pois poderiam ser visualizados, já no coroamento eram de tamanho gigantesco devia a distancia do observador.
       O Art-nouveau é uma fantasia ornamental e por isso pode produzir excessos, sendo difícil o controle da composição. Nele não há regras especificas, não há referencias diretas ao passado, apenas criatividade e invenção. Podendo ser considerada um estilo pré-moderno.
      Já na Art- decó, é um estilo de transição, podendo ser considerado modernista. Com domínio técnico da estrutura em concreto armado e de grandes estruturas em balanço, mesmo apresentado um caráter ornamental em sua composição, a forma do edifício é mais forte que o ornamento. Aqui é o início de um caminho que levará a ausência radical do ornamento.

Chrysler, Empire State

                 O modernismo é um estilo totalmente Anti-ornamento, nessa época houve o surgimento de uma nova visão, fazendo uma  RUPTURA com  relação aos ornamento existente até então, o modernismo renuncia a qualquer elementos histórico, nessa época  lançou-se também a idéia do "ormamento é crime", sendo este, visto como perca de tempo, de esforços e dinheiro;  já no contemporâneo atual, tudo é valido. Assim percebe-se que ao longo da historia os estilos mais puros no ponto de vista ornamenta, são sucedidos por estilos mais propícios a ornamentação e vice-versa.
                 Podemos dizer que criou-se assim, um "efeito sanfona": pouco ornamento, muito ornamento, pouco ornamento, muito ornamento....


5 comentários:

  1. Muito interessante esta síntese!
    Merecia mencionar o Gótico após o Românico.
    Bem, em relação ao pré-modernismo, enfatizem a visão de RUPTURA em relação ao ornamento modernista, expressa na renúncia a qualquer elementos histórico. Que tal abordar a idéia de ornamento como crime?

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  2. Também achei muito válida esta análise, reforçou bastante a "evolução" do ornamento através da história! Acho que ficaria bem legal se fosse comentado, nem que em poucas linhas, a idéia do ornamento é crime, citado pelo professor. Acho que deixaria o post ainda mais completo!

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  3. Essa síntese sobre o ornamento já traduz muito toda a história da arquitetura,cheia de idas e voltas como comentado. Acho que poderia ser comentado a questão de ornamento como crime no sentido que Adolf Loos escreveu, já em 1908, tratando o ornamento da época como supérfluo, vazio de significado. Porém indo muito além de apenas criticar o ornamento em sí, mas toda a instituição capitalista que fez do ornamento uma mercadoria.

    http://www.discoveryarchi.blogspot.com/

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  4. vlw meninas, foi comentado sobre o ornamento é crime, mas brevemente...

    kassieli martiori

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  5. Muito boa a análise, assim podemos ver o ciclo do ornamento, que passa por vários momentos ao longo da história como sistema compositivo, elementos de decoração, elemento de comunicação, instrumento para a proporção, expressão da crise, expressividade formal, expressão da fantasia, ele aparece das mais variadas formas, e inspirados nos mais diferentes motivos, aparecendo na função estética mas também acontece na estrutura.

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